COVID: À procura de tratamento preventivo?

Cristian Menna
4 min readMar 18, 2021

Você também quer se proteger

Com mais de 2800 mortes por dia e mais de 280 mil casos desde o início da pandemia (superando a história do HIV no Brasil), 2 mil pacientes à espera de leitos de UTI pelo país e cada vez mais conhecidos infectados, uma coisa fica clara: todos nós queremos nos proteger da COVID-19. O próprio ex-presidente Donald Trump, agora sabemos, estava vacinado enquanto incentivava aglomerações e solicitava ao Brasil que não comprasse vacinas.

O símbolo do vírus COVID cercado pela palavra COVID-19 duas vezes.

E o que te impede de se proteger?

O grande problema é que os tais tratamentos preventivos, a Terra Plana de médicos e indústrias farmacêuticas, entre eles antibióticos, vermífugos e até medicamentos para doenças autoimunes, já estão fora da jogada. E isso já foi dito, algumas vezes, pelos próprios laboratórios fabricantes!

Mas então, o que tem funcionado pelo mundo? Mais 01 ponto na média pra quem citou algo entre distanciamento social, máscaras, Lockdown e vacinas!

A prevenção e a cura

O padrão ouro para nos livrar de uma vez da COVID são as vacinas. Mas como funciona uma vacina?

Bom, isso depende. A Novavax, por exemplo, utiliza spikes do vírus, uns pedacinhos que ficam do lado de fora dele, sem o material interno para ensinar seu corpo a se defender do invasor sem que haja risco de multiplicação do vírus. Sua eficácia está acima de 90%, pelo menos até dar de cara com a nova variante Sul-africana, contra a qual tem uma eficácia de 55% e já nos deixa alertas para o problema de deixar os vírus livres para gerar mutações por aí.

Assim também funciona a AstraZeneca que, recentemente, foi alvo de suspeitas de causar efeitos adversos, mas em uma proporção que pode ser, puramente, coincidência. De qualquer forma, essa é a função da Fase 4 de desenvolvimento de uma vacina: aplicação em milhões de pessoas e acompanhamento dos resultados, de forma a identificar a existência de efeitos adversos raríssimos invisíveis aos testes laboratoriais e clínicos e permitir que sejam tomadas as medidas necessárias, nesse caso, o lote em questão foi suspenso até que os casos sejam estudados e se tenha dados confiáveis e não é o lote enviado ao Brasil. Provavelmente, no caso AstraZeneca, com mais de 17 milhões de doses para duas dúzias de relatos de trombose ou embolia, uma quantidade de casos que pode ser natural da epidemiologia local, os estudos mostrarão que os casos nada têm a ver com a vacina.

Mas no Brasil, o problema maior com vacinas é que, no melhor cenário, teremos vacinas em quantidade significativa para a população apenas no segundo semestre deste ano e o governo ainda nem tem um plano nacional de vacinação.

“Ok, sem vacinas agora, então o quê?”

A alternativa do momento é o Lockdown e, por agora, é importante considerar os casos mais importantes.

Itália

Depois do caos do ano passado em Lombardia, controlado através do Lockdown, o inverno europeu gerou um pico diversas vezes maior de casos por milhão de habitantes, mais uma vez controlado através de Lockdown. A má notícia é que lá, após reabrirem o comércio e as atividades, a Itália está experimentando uma nova crescente no número de casos.

Resultado? Para não perder mais vidas, lá vão os italianos fechar mais uma vez!

Estados Unidos

Nos EUA, durante o mandato de Donald Trump, até mesmo o verão demonstrou pico de casos de COVID, assim como no Brasil, apenas para se tornar ainda mais alarmante no inverno, quando há pico de doenças do sistema respiratório no geral.

E como eles viraram o jogo? Primeiro de tudo: com um presidente novo.

Isso mesmo! A troca de um presidente negacionista que incentivava aglomerações, o não uso de máscaras e tratamentos ineficazes por um presidente aliado das medidas sanitárias e da vacinação fez os casos de COVID por milhão de habitantes nos EUA despencarem! Agora, assim como Israel, os EUA estão prestes a reabrir o comércio sem uma nova crescente de casos como a que ocorreu na Itália.

Mas e o nosso Brasilzão?

No Brasil, sem Lockdown, sem apoio aos trabalhadores e pequenos empresários, nenhum respeito às medidas sanitárias, parca negociação de vacinas e nenhum plano de vacinação, estamos vivendo um colapso sanitário digno do século 18!

Com 100 milhões de doses da Pfizer (que vacinam 50 milhões de pessoas) e 38 milhões de doses da Janssen adquiridas, o Brasil pode ter, se fizer tudo direito, 88 milhões de pessoas vacinadas até o final de 2021. O problema é que, no melhor dos resultados, e nós não temos um governo dedicado ao melhor dos resultados, nossas vacinações começarão apenas no segundo semestre deste ano.

O que esperar?

Com tratamentos preventivos que não funcionam e sendo um dos últimos países na fila de entregas das vacinas, o Brasil precisa assumir, com seriedade, as medidas sanitárias que funcionaram em todo o resto do mundo: distanciamento, máscara e Lockdown.

E não é um Lockdown qualquer! É preciso que o país assuma sua responsabilidade com seu povo e invista os impostos arrecadados no suporte de trabalhadores e pequenos empresários que não têm como se manter sem suas práticas profissionais!

De outra forma qualquer, o colapso que já estamos vivendo no país tende a piorar, viveremos o pior dia da pandemia a cada dia que passa e, se você acredita em qualquer entidade soberana cósmica, queira ela que não precisemos empilhar corpos na rua como Lombardia fez em 2020. Caso as divindades não estejam ao nosso favor, é melhor começarmos a dar mais valor às autoridades responsáveis aqui na Terra mesmo: a ciência e os dados.

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Cristian Menna

Escritor (e fisioterapeuta) que desenha e faz política.