COVID: A medicina tem autoridade no assunto?

Cristian Menna
3 min readMar 18, 2021

Nesta semana, a médica Ludhmila Hajjar foi alvo de ataques (link) devido seu posicionamento diante da pandemia (link) e do convite para o Ministério da Saúde do Brasil e a pergunta que não quer calar é: a medicina tem autoridade quando o assunto é Saúde Coletiva?

Quem está certo nessas horas?

Parece brincadeira, mas a ciência e, principalmente, os profissionais da saúde têm recebido ataques e descrença em um dos momentos mais críticos que a nossa geração está vivendo ao redor de todo o mundo no que tange a Saúde Coletiva: uma pandemia!

Depois do discurso do presidente Luís Inácio Lula da Silva (link), onde ele criticou fortemente o negacionismo e a negligência do governo brasileiro diante da pandemia de COVID-19, o ex-ministro Pazuello foi retirado do cargo e a doutora Ludhmila Hajjar foi um dos nomes listados pelo presidente Bolsonaro. Acontece que as propostas levadas pela doutora Hajjar, segundo ela, estavam desalinhadas com as propostas do governo brasileiro.

Sobre as propostas da doutora, eram elas: aquisição urgente de vacinas, plano ágil de imunização nacional, estreitar as relações com a Organização Mundial da Saúde e demais países, Lockdown, abertura de leitos, capacitação e contratação de profissionais, a cessação da discussão sobre tratamentos comprovadamente ineficazes como cloroquina, ivermectina e azitromicina, a criação de protocolos nacionais para atenção ao paciente hospitalizado, inclusive quanto à intubação, visto que, segundo a doutora, muitos pacientes estão falecendo por complicações associadas à má intubação e, por fim, a reunião de uma equipe de especialistas da saúde para atuar junto do Ministério da Saúde.

Basicamente, o óbvio e mais responsável que tem sido feito e fundamentado ao redor do mundo.

Perseguição

Mas, aparentemente, o óbvio e fundamentado não estava apenas desalinhado com os objetivos do governo. O que se seguiu é perturbador.

Além da exposição não autorizada do telefone de Hajjar na internet, o que inviabilizou seu trabalho, foram criados perfis falsos, houveram tentativas de invasão do hotel onde se encontrava e ameaças à família da doutora além de ameaças à própria vida de Hajjar.

Tentativas de invasão do hotel e ameaças de morte!

Essa é a atitude dos atuais defensores do governo para com uma profissional responsável, da área da saúde, cientista, com propostas não apenas fundamentadas cientificamente e praticadas ao redor do mundo, mas também óbvias!

Não sei como terminar

É simplesmente ridículo pensar que a OMS, pesquisadores, médicos, casos de sucesso do mundo todo e a ciência de um modo geral não sirvam para convencer uma parcela da população brasileira que acredita saber muito mais sobre o assunto do que qualquer um que tenha dedicado a sua vida toda ao tema, embasado em conhecimento prévio acumulado por séculos e milhares de anos, sempre em desenvolvimento.

Eu simplesmente não sei o que dizer sobre isso, é como ver alguém dizendo que um engenheiro elétrico não sabe nada de eletricidade ou que um cientista da computação não sabe nada sobre computadores.

E o pior, eles estão ameaçando os cientistas de morte.

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Cristian Menna

Escritor (e fisioterapeuta) que desenha e faz política.